terça-feira, 26 de maio de 2009

Vigília

"Faço vigília todas as noites. Do meu quintal consigo dar conta de todas as estrelas do céu. Espero que cada um delas despenque num instante qualquer. Assim posso fazer um pedido. Meus sonhos estão na UTI. Esperançã já não há. Os milagres estão todos em coma. Sigo só. Só me resta esperar. Faço vigília todas as noites. Do meu quintal consigo dar conta de todas as estrelas. Certa vez dei por falta de uma delas. era cadente, a estrela. Tive cinco segundos para fazer uma prece. E fiz. Enquanto fechava os olhos imaginava meus sonhos acordando, milagres reagindo e esperança entrando pelo portão de casa. A estrela caiu enquanto eu rezava. Perdeu a luz no fundo do mar. Sigo só, só me resta esperar. Faço vigília todos os dias. De cima do telhado consigo dar conta de todas as ondas. Torço para que uma delas saia do lugar e revele a luminosidade semicerrada na areia. Esconderijos de luz no fundo do mar. Estrela a bilhar, sonho a sorrir, esperança de pé: milagres se acontecendo."

Conto de Maíra Viana inpirado na música Não Há de Ser Nada - O Teatro Mágico

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